Carro de boi

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Muitos, certamente, já ouviram falar, sobre o carro de boi. Será que alguma vez tiveram oportunidade de subir em um deles?  E sair passeando, até uma feira, comprar coisas para a casa da fazenda, ou até mesmo sair a trabalho, ou acompanhando pessoas ao centro da cidade!

Sim, pois o carro de bois pode ser utilizado para carregar materiais de construção, produtos agrícolas, animais ou pessoas.  Nossa!  Imaginei-me subindo em um que tinha também todas essas finalidades!  Chamado ”cambona”, em algumas regiões do interior do Brasil e foi uma experiência imaginativa muito boa!

Vejam, nosso primeiro governador do Brasil, Tomé de Souza, em 1549, trouxe consigo carpinteiros e carreiros práticos, para a cidade de Salvador para implantá-los  adequadamente no Brasil.  Estes últimos também  eram conhecidos pelo nome pitoresco:  cantador, pelo  seu ¨canto¨ ao tocar os bois.

Algumas pessoas não gostam do seu sonido monótono e as vezes estridente.  Mas outras, o admiram como uma música.

De qualquer sorte, lá se vai o nosso carro de bois,  sob as batutas  dos carreiros  que mal  tocam nos lombos  ou nos pescoços  dos bois  com suas varas compridas, para incentivá-los  a prosseguirem as longas e árduas jornadas, carregando lenha, deixando aquele cheirinho bom  de madeira  verde,  seus feixes  de milho nos quais o sol bate e  ilumina!  Às vezes, exalando odor agradável de mato, avançando morosamente com aquele rangido das rodas virando canção, deixando a criançada feliz ao vê-lo passar.

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Na época da colonização, teve papel fundamental, movimentando a indústria açucareira da roça ao engenho, do engenho às cidades. No período compreendido entre o século XVI e XVII, funcionou levando materiais de construção para o interior,  carregando pau brasil e produtos agrícolas,  produzidos nas lavouras interioranas.

No Brasil Colônia, transportava famílias de um povoado a outro, era indispensável nas fazendas.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, os carros de boi levavam para a argentina e Uruguai produtos agrícolas.  Na guerra do Paraguai, transportavam munições e  mantimentos e serviram também como ambulâncias!

Aqui na Bahia, o carro de boi teve um papel importante, como carruagem para a nobreza rural brasileira; carregava banda de músicos,  levava as famílias para as festas de Natal e de Fim de Ano,  e era muitas vezes ornamentado, para finalidades diversas.

No período de inverno, muitas vezes as águas das chuvas atolavam suas rodas, sendo então socorridos por uma junta de bois.

Suas rodas tinham um nome curioso, cocões, as quais precisavam ser bem lubrificadas para evitar ruídos estridentes e desagradáveis e terem bom desempenho.

É curioso saber que muitos artesãos, no Brasil e nesse mundo afora, tiveram o bom senso de conservar esse eficiente e poético meio de transporte, construindo novos carros de bois mais  perfeitos,  funcionais e sofisticados .

Mesmo onde não são mais utilizados, suas peças servem de decoração em casas de fazendas, chácaras e lojas.

Os versos populares abaixo, traduzem de forma singela o encanto do carro de bois :

“Carro de boi vai,

gemendo lá na escuridão,

suas grandes rodas

fazendo profundas marcas

no chão. Vai levantando

poeira vermelha,

poeira do meu sertão “

Há momentos em que eu fico pensando:

Vive-se mais em paz nas zonas rurais, nas cidades interioranas, onde as pessoas são mais simples,  vivem uma vida mais cadenciada, sem o frenesi das cidades grandes, onde podem escutar a musicalidade do silêncio tão importante para encontrarmos o repouso mental! A vida é mais calma, mais de acordo com a ordem natural das coisas, as horas, os dias e as semanas parecem demorar mais, ficamos mais imunes às mais diversas modalidades de poluição, e assim estamos aptos a melhor desenvolvermos as nossas atividades laborativas, bem como a aproveitarmos as oportunidade de contemplação, admiração e de enlevo em face das maravilhas da criação.

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E dentro deste ambiente bucólico, o nosso carro de bois se insere como uma luva, pelo que ele tem de rústico, cantante, ritmado e poético.

Paremos um pouco: imaginemos que estamos numa fazenda daqueles tempos e de repente ouvimos um canto que vai rompendo pouco a pouco o silêncio e logo visualizamos um carro de boi; acenemos para o carreiro e peçamos uma carona e deixemo-nos conduzir a regiões que nunca sonhávamos existir, naquele andar cadenciado, calmo e ao som daquele canto dos carreiros acompanhado do zumbido das rodas do carro e do tropel dos cascos dos valorosos bois, que têm nomes pitorescos e o que é mais interessante, atendem por eles, e constataremos como é verdadeiro o ditado popular: recordar é viver!

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6 comentários em “Carro de boi

  1. Prezadoa cunhada. É com imensa satisfação que soube através de Renato a respeito do seu Blog e tive o prazer de acessar a reportagem sobre os Carros Bois e pude curtir a importância desse meio de transporte utilizado em diversas regiões desse imenso Brasil. Não faz muito tempo que assistir um documentário belíssimo sobre o tema é aprendi a importância de se manter essa tradição pelo que representou numa época não muito remota, principalmente Século XX. Parabéns pela iniciativa e espero que os temas futuros sirvam para nós entreter e aprender um pouco mais sobre a verdadeira história.desse nosso Brasil tão rico em tradições que são esquecidas. Abraço.

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    1. Humberto cunhado, que alegria em saber que gostou do tema! obrigado pelas palavras. Vamos sim, postar coisas interessantes, histórias verdadeiras, contos, trocar experiências vividas e lubrificar nossas vistas com assuntos que suscite a curiosidade de ler e conhecer cada tema que se exponha.

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  2. Lembrei-me dos meus 9 anos visitando a fazenda do meu avô paterno, e uma das coisas que mais gostava, ao andar no carro de boi, era ouvir o condutor cantando e chamando pelo nome de cada boi para fazê-los ir mais rápido ou diminuir a marcha.

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  3. Querida cunhada/irma/ comadre, parabéns pela bela iniciativa de ter criado um blogue tão interessante como esse.
    Nos dias atuais precisamos de temas que nos remetam a momentos prazerosos, e você conseguiu atingir esse objetivo.
    Continue com muita inspiração na seleção dos temas , pois você sempre foi uma pessoa capaz intelectualmente e com uma natureza privilegiada.
    Sucesso sempre!!!
    Beijos, da sua cunhada que muito lhe admira!!

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    1. Estimadíssima cunhada /irmã e c omadre, fico muito grata de apoio! Vou me esforçar e pedir muito a ajuda de Deus para perseverar no objetivo do Blog,. Quando puder dê uma espiadinha no último post sobre o mar. Comunique a Olguinha, por favor. Abraços e beijos!

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